Em 2019, entristecida com os retrocessos que se instalavam no país, queria fazer algum trabalho que valorizasse o engajamento feminino. Desse desejo e conversas com a Mônica Nunes, editora do Conexão Planeta, surgiu o blog Mulheres Ativistas, no qual, ao longo de três anos, publiquei o perfil de exatas 50 mulheres extraordinárias. A maior parte são amigas e parceiras de ativismo socioambiental com quem convivo e admiro há anos. Outras conheci nesse percurso e se incorporaram ao meu rol de fontes de inspiração.
Parti da premissa, totalmente baseada em minhas
observações, de que o ativismo feminino é especial. A maior parte das mulheres,
ao aderir a uma causa, seja ela qual for, acaba por incorporar outras questões
ligadas a direitos em geral, se não em sua militância, na sua própria vida. Por
isso, são um motor potente para mudar o mundo.
Ao longo de todo aquele tempo, minha lista de possíveis
entrevistadas só cresceu. Sempre me lembrava de alguém ou recebia indicações.
Ficava angustiada porque sabia que não conseguiria homenagear a todas, o que de
fato aconteceu. Acabei parando com o blog por falta de tempo para me dedicar a
ele e sou muito agradecida ao Conexão Planeta por me abrigar. Quem sabe uma
hora encontre um novo formato para voltar ao tema.
Mas tenho pensado muito na importância do ativismo
permanente neste país, ainda mais ao ver como tem se comportado o Congresso
Nacional e até algumas posturas dúbias do próprio governo federal, nos fazendo
ter os mesmos calafrios da época dos bagres e de Belo Monte. Achei que poderia
voltar aos perfis para matar a saudade e lembrar que, mesmo que os tempos não
estejam tão sombrios – o material foi publicado com Bolsonaro no poder e, em
boa parte, durante a pandemia -, precisamos ainda de muita militância e cidadania
por aqui.
Minha primeira entrevistada no blog foi escolhida a dedo,
pois Miriam Prochnow é uma das mais aguerridas ambientalistas brasileiras, de
quem tenho a honra de ser amiga e trabalhar junto em inúmeras ocasiões. Quem
quer saber como a sociedade civil conseguiu reverter a destruição da Mata Atlântica
e garantir uma legislação para conservar o bioma, precisa conhecer a história
dela e da Associação de Preservação do Meio Ambiente e da Vida (Apremavi), a
organização que criou com seu marido Wigold Shäffer, na qual militam até hoje.
Num momento em que o Congresso quer novamente colocar em risco a Mata Atlântica
que, ao contrário, precisamos urgentemente recuperar, é bom contar e contar e
contar que há pessoas que dedicam a vida a causas como esta.
Veja a entrevista:
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