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Mostrando postagens de agosto, 2019

Mineração, consumo e estupro

Fazer sinapses é uma atividade difícil, às vezes, parece que tentamos forçar a barra ou, mais comum, sermos muito radicais. Ontem, no meio desta semana triste, quando a Amazônia arde por obra de ruralistas, madeireiros e mineradores – e, com certeza, não por iniciativa de ONGs, como quer convencer a galera o presidente do Brasil -, ouvi o médico congolês Denis Mukwege, Prêmio Nobel da Paz de 2018, no ciclo de conferências Fronteiras do Pensamento. Denis Mukwege, no Fronteiras do Pensamento Mukwege ficou conhecido por sua atuação em prol das mulheres que são estupradas como estratégia de guerra nos conflitos que já deixaram mais de 6 milhões de mortos na República Democrática do Congo (RPC). Segundo o médico, os estupros coletivos, cometidos de maneiras diversas conforme o grupo, são uma forma barata de humilhar e destruir comunidades, forçando seus habitantes a deixar suas terras. O motivo da violência é o controle sobre as minas de tantalina, minério utilizado na maioria do

Um olhar feminino sobre a incipiente república brasileira

Parece incrível, mas somente neste ano tomei conhecimento da existência da escritora brasileira Júlia Lopes de Almeida. Um dos autores mais lidos em sua época – final do século XIX e início do XX -, ela foi apagada do quadro dos fundadores da Academia Brasileira de Letras (ABL), após ser anunciada como uma das participantes, e também, até bem pouco tempo, da história da literatura no país. Me pergunto quantas mais mulheres tiveram suas obras e atuações nas mais diversas áreas esquecidas, propositalmente, apenas por serem do sexo feminino. Instigada por conhecer mais sobre Júlia, cujo marido - o poeta português, dizem que medíocre, Filinto de Almeida - assumiu a cadeira que seria dela e era chamado nas rodas intelectuais de imortal consorte, indiquei seu livro A Falência para o encontro mensal do Círculo Feminino de Leitura (CFL), que aconteceu na minha casa em julho. E ela não decepcionou. Mulherada pirando com Júlia de Almeida. Publicado originalmente em 1901, o romance é u

Uma por TODAS e TODAS por uma

Cheguei ao Círculo de Confiança entre Mulheres, que chamamos carinhosamente de TODAS, por um convite via Facebook, curtido por minha amiga Rachel Añón. Vivia uma fase particularmente triste, com a situação política neste início de 2019, onde confiar era o que mais queria e menos estava conseguindo. Na reunião introdutória, fiquei sabendo da proposta e de cara percebi que muitas das mulheres ali presentes dividiam angústias parecidas com as minhas. Por isso, aceitei o convite das três facilitadoras para participar das dez reuniões quinzenais, que estão em curso. O formato um pouco formal e regrado dos encontros me assustou no início, mas a força dessas vinte e poucas mulheres que formaram o grupo quebraram meu ceticismo de pessoa que desconfia e se sente um tanto desconfortável com tudo o que não é puramente intelectual. Hoje, aguardo ansiosa nossas reuniões. Mulheres juntas são como flores: melhoram o mundo. É o que fazemos lá? Em primeiro lugar, cuidamos umas das outras p