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Mostrando postagens de setembro, 2020

Unidades de conservação geram recursos econômicos para o país

Há um mito, provocado pela ignorância, de que unidades de conservação (UC) não possuem valor econômico. A base dessa crença é o desserviço bancado pelos interessados na ocupação das terras que deveriam estar ou estão sob proteção – grileiros, madeireiros, garimpeiros, agropecuaristas – e os políticos que os representam (em número exponencialmente maior do que a representatividade que esses setores têm na população). Outra dificuldade, que começa a ser vencida, é explicitar esse valor em números. O valor econômico de uma unidade de conservação é calculado a partir da variação do bem-estar das pessoas devido a mudanças na quantidade ou qualidade de bens e serviços ambientais que ela propicia. Valorar seus recursos ambientais é a melhor forma de calcular monetariamente as perdas ou ganhos da sociedade diante da variação da quantidade e tamanho dessas áreas protegidas. Mas não só. As UC geram recursos também a partir da geração direta de renda, seja por meio dos serviços turísticos , seja

Dilemas de nossos dias

  Assisti a The Social Dilemma , na Netflix, e não fiquei confortável. A primeira impressão é que a polarização criada pelas redes sociais é apenas reflexo da burrice ou má intensão de parte (significativa) da população – o que já se intuía. O documentário mostra que as empresas do Vale do Silício se aproveitam dessas fraquezas para ficar trilhardárias e estão se lixando se isso leva o mundo para o buraco. Se há quem queira crer que a terra é plana, mudança climática e covid não existem e Bolsonaro é um bom presidente, porém, como não haver divisão? Acreditar que com regulações para a internet o problema será contornado, como os entrevistados dizem no filme, é de uma ingenuidade que condiz com a mágica que atribuem à inteligência artificial. A narrativa é feita para tocar o terror e não nos deixar dormir. Associam a internet às drogas – “são os dois segmentos que chamam seus clientes de ‘usuários’” - e seguem o mesmo padrão de apavorar pais: adolescentes abobados e sem vontade própria

O que ameaça as áreas protegidas brasileiras?

Parece piada fazer essa pergunta no momento em que quase todos os biomas brasileiros estão sob ataque, principalmente governamental, e metade da população brasileira apoia o governo. Ou seja, os algozes de nossas áreas naturais somos os brasileiros mesmo. Se com essa postura estivéssemos apenas nos condenando a uma vida que tenderá a ficar desesperadora, acho que me preocuparia menos, pois é uma opção civilizatória. Mas as cenas que temos presenciado da carnificina animal, sobretudo pelo fogo no Pantanal, são das mais indignas de nossa história recente, que não é lá grande coisa. As áreas protegidas deveriam ser nossas principais aliadas para reverter as mudanças climáticas que já não se fazem de rogadas, mas a falta de entendimento sobre sua importância e prioridades tortas as têm ameaçado sempre, com tendência crescente nos últimos anos. Ou seja, ao invés de estarmos aumentando o número dessas áreas e investindo pesado para que sejam bem geridas, assistimos a um ataque sistemático a

É mentira que Brasil tem áreas protegidas demais

  O Brasil arde em chamas e boa parte da população ainda cai no conto do vigário de que fogo não é fogo, fogo aparece sozinho, floresta é mato e existe mesmo para queimar (e depois plantar commodity, criar gado ou minerar). Pantanal, Amazônia, Cerrado e até o pouco que resta da Mata Atlântica estão indo para o espaço, em forma de fumaça, e brasileiro médio preocupado com os incêndios das mansões da Califórnia. Enquanto nossos biomas agonizam e as populações que deles dependem vivem em situação de guerra, incentivada pelo governo federal, mas não só, a ladainha de que há muita área conservada, muita terra pra pouco índio (e pouca pra latifundiário) e nosso agro é pop continua a ser recitada em verso e prosa. Mas são informações que, como tantas outras nesses tempos sinistros, não correspondem aos fatos. O Brasil é o quinto maior país em território do mundo, com seus 8.516.000 km 2 . Desse total, 18% são cobertos por unidades de conservação (UC), que somam aproximadamente 1,6 milhão de k

Todos deveríamos querer uma área protegida por perto

Na minha ilusão de amante da natureza e estudiosa da sua importância, áreas protegidas não apenas são imprescindíveis como também deveriam ser adoradas pela população, que faria de tudo para mantê-las da melhor forma possível e lutaria para que muitas delas fossem criadas em todo lugar. Ao contrário, o que vemos é um esforço deliberado para destruir avidamente o que temos – vide as invasões garimpeiras e grileiras nas terras indígenas e os desmatamentos e incêndios que não poupam unidades de conservação em todo o território nacional. Imagens do Pantanal, da Amazônia e do Cerrado em chamas - mas não só, como vimos até na Serra do Japi, em São Paulo, pertinho de onde estou (daqui a pouco voltamos a ela...) - são mais uma coisa a me assombrar nesta pandemia político-sanitária que nos assola. Praticamente todas as áreas protegidas que temos foram criadas a duras penas, a partir do esforço coletivo de pessoas e organizações que tiveram que enfrentar batalhas, algumas sangrentas, para garant