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Mostrando postagens de fevereiro, 2019

Michelle Obama, a história de uma mulher incomum

Reunião do CFL, fevereiro de 2019. Começar o ano do Círculo Feminino de Leitura (CFL) com Minha História, de Michelle Obama, foi uma oportunidade para nos conectarmos ainda mais com o feminino e a necessidade urgente do diálogo, daquele em que feridas podem ser expostas, mas o objetivo é a cura, não torcer pela infecção. A escolha pela autobiografia de uma mulher forte, atualmente uma das mais influentes do mundo, propiciou um sentimento de identificação com seus valores e admiração por sua força e capacidade de não perder a humanidade, mesmo no centro do poder mundial. Claro que uma autobiografia tem um que de edulcoração, mas Michelle consegue transmitir sinceridades em seus questionamentos sobre seu papel de mulher, de mãe, de profissional, sobre as dificuldades das escolhas e como assumi-las com responsabilidade. O longo e detalhado relato de sua vida desde a infância mostra a construção de sua personalidade e capacidades a partir da família e da realidade em que cresceu, c

Por que aceitamos complacentes o lixo boiando no Tietê?

Lixo de todo tipo boiando no rio Tietê, São Paulo Artigo publicado na Ilustríssima do último domingo ( O Brasil contra si mesmo , FSP , 17/2), do sociólogo Zander Navarro, defende que a complacência* é a característica que define o brasileiro. Mesmo sem concordar com todas as afirmações do autor para justificar sua afirmação, tendo a concordar que faz sentido. Só mesmo muita complacência diante do poder público, das indústrias e de nós mesmos justifica – entre tantas e tantas outras coisas – assistirmos à cena do rio Tietê totalmente tomado por lixo (sobretudo garrafas pets) neste fim-de-semana em Salto. Meu amigo Rodrigo Agostinho (agora deputado federal) me diz, no Facebook , que parte da sujeira chegou em Barra Bonita e a mancha de poluição já está em Sabino. O que, se não muita complacência, pode justificar que o principal rio do estado mais rico do país, cujo processo de despoluição começou há mais de 20 anos, consumindo bilhões e bilhões de investimentos, apresente uma c

Vale: após os dois desastres, haverá algum aprendizado?

Bento Rodrigues, Mariana (MG) O rompimento da barragem da Vale em Brumadinho me pegou no início da leitura do livro Tragédia em Mariana – a história do maior desastre ambiental do Brasil , da jornalista Cristina Serra, um dos melhores livros-reportagens que já li. Com uma narrativa em primeira pessoa, Cristina nos leva para dentro do horror que foi o rompimento da barragem da Samarco (empresa da mesma Vale, em sociedade paritária com a australiana BHP Billiton) junto com ela, que chegou ao local poucos dias depois do fatídico 5 de novembro de 2015 como repórter do Fantástico, da TV Globo. Com o seu olhar humano, voltado logo de cara para as vítimas da tragédia, vamos nos comovendo com o que aconteceu. Sentimos junto com ela a compaixão pelos mortos, por seus familiares e amigos, pelos que perderam tudo o que tinham. E vamos nos indignando com a maneira como estas pessoas foram tratadas antes (não foram informadas dos riscos, não receberam instruções ou avisos) e depois da tragé

Ver os Yanomami através de Claudia Anjudar é exercitar a compaixão

Como uma principiante, perdi a exposição do Weiwei na Oca. Coisa de paulistana que, ao ver que uma mostra ficará bastante tempo em cartaz, vai adiando, esperando o final do trânsito do fim do ano, as férias e, quando resolve que chegou o dia, descobre que acabou. Fiz diferente com a Claudia Andujar e fui correndo ver A Luta Yanomami , no Instituto Moreira Salles, assim que voltei do Ano Novo, mesmo que a mostra vá até 7 de abril. Aconselho a todos que façam o mesmo. Deixar para a última hora é um risco desnecessário e essa exposição merece muito ser vista. E não apenas pela beleza das fotos de Andujar e dos próprios Yanomami, que são mais do que suficientes. Mas, em uma época de trevas, como a que vivemos neste início de 2019 (acho que é por isso que só agora, quase meados de fevereiro, consegui escrever sobre o tema), se abstrair de procurar se informar é um ato de covardia atroz. Conhecer os Yanomami sob o olhar desta grande fotógrafa e ativista, que escapou com a mãe da E