Pular para o conteúdo principal

Que 2025 seja fresco!

 Dois mil de vinte e cinco era para ser um ano tranquilinho. Não temos eleição, copa do mundo, olimpíadas. Há bastantes feriados e o carnaval é no começo de março, ampliando o verão. Mas é por aí começam os problemas, pois não foi só o verão, mas tudo ficou mais quente. Quente de verdade, e não apenas pelo fogo que queima a Califórnia e que, no ano passado, queimou o Cerrado, o Pantanal, a Amazônia e a Mata Atlântica por aqui. Com mais de 1,5º C de temperatura média no planeta, o índice que esperávamos evitar, o fogo deve seguir firme e forte dando as caras neste ano. Assim como as chuvas, que costumavam fechar o verão em março, mas, agora, quem sabe quando e onde vão aparecer. Ou se recusar a aparecer. 

Passei as últimas duas semanas em um paraíso à beira mar – a Praia de Pipa, no Rio Grande do Norte -, onde o tempo ainda é previsível e perfeito para o lazer, entre 25 e 30 graus, e a chuva, quando cai, é pouca e suave nesta época do ano. As praias são limpas, (quase) sem plásticos, (quase) sem caixas de som, bênçãos as quais estava desacostumada. Mas não existe mais refúgio isolado no mundo. A especulação imobiliária já corre solta, à força de gringos que trazem recursos, baratos pra eles e bem-vindos para a população local. As criações de camarão comem o mangue, também na mesma pegada de progresso que destrói a proteção do que lá tem de melhor e mais garantido. Embora nada mais seja garantido de verdade. Moradores e, principalmente, os que dependem o turismo, veem o nível do mar aumentando e a faixa de areia aproveitável abaixo das maravilhosas falésias cada vez menor. É preciso consultar a tabua de marés para escolher o intervalo de tempo, mais curto a cada ano, para caminhar entre as praias, uma das melhores atrações locais. 


Nada que tenha me impedido de relaxar e abstrair que o Trump vai assumir na segunda-feira com promessas hitlerianas para o mundo, que as big techs perderam de vez o pouco pudor que fingiam ter e as fake news sobre o PIX escancararam o que vem pela frente. Para quem gosta de viver e deste planeta como eu, aconselho muita meditação, calma e uma disposição otimista para a luta. Sejamos serenos e bem-humorados, sem usar óculos cor-de-rosa, por favor, porque excesso de tolerância com a insanidade e falta de realismo não vão nos tirar do buraco. Sei que estou um pouco atrasada, mas Feliz Ano Novo, que seja fresco pra todo mundo! 


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Clubes de leitura: revoluções individuais a partir dos livros

Quem me conhece sabe da importância que participar de um clube de leitura tem na minha vida. Especial para mim e para as demais membras, o Círculo Feminino de Leitura-CFL, ao invés de se tornar rotina, foi ganhando maior espaço em nossas vidas ao longo do tempo e transfomou nossa maneira de ver o mundo. Por isso, ao receber da Nivia, uma de minhas companheiras de CFL, uma foto do livro Clubes de Leitura – Uma aposta nas pequenas revoluções (Solisluna Editora), de Janine Durand e Luciana Gerbovic, fiquei com coceira nos olhos e fui correndo comprar. As autoras escrevem a partir de suas experiências de mediadoras de clubes de leitura e abordam o potencial da literatura como caminho para libertação pessoal. Advocam que a literatura é um Direito Humano, mas pouco respeitado no Brasil. As duas são articuladoras do Programa Remição em Rede, que fomenta clubes de leitura em unidades prisionais para remição da pena por meio da leitura. Trazem depoimentos tocantes de pessoas transformadas pelo...

Calorão no inverno parece bom, mas não é

Lembro de acordar e sentir cheiro de orvalho, encontrar o chão do quintal e as calçadas molhadas de manhãzinha. Era assim todos os dias em São Paulo. E lembro de como odiava os dias garoentos do outono e o frio no meu aniversário, no final de julho. E de reclamar durante agosto inteiro de me levantar cedo para ir para a escola. Detestava ter que me agasalhar demais, às vezes com toca e luvas, e ainda me sentir gelada. Mas tudo isso foi há muito tempo, quando eu era criança. Já na faculdade de Geografia, aprendi com a professora Magda Lombardo o que eram as ilhas de calor e como a urbanização levou embora o orvalho e a garoa da cidade, aumentando sua temperatura. Nada que se compare, porém, com este inverno atípico que assistimos agora, sem saber se ele é apenas excepcional ou o novo normal. A questão é que, para a maior parte das pessoas, que gostam de sol e calor, este tem sido um inverno bom, e estou entre elas. É delicioso não precisar usar casacões, poder dormir, no máximo, com...

80% da água doce da Terra está na Antártica

  De todos os locais que gostaria de conhecer, mas duvido que consiga, a Antártica está no topo da lista. É muito longe, é muito caro, é muito frio. Mas é fascinante. Estou aqui embevecida com o livro Expedições Antárticas, do fotógrafo e biólogo Cesar Rodrigo dos Santos, que teve o privilégio de estar 15 vezes por lá, entre 2002 e 2017, e registrar imagens de tirar o fôlego. O livro ainda tem com o plus dos textos serem da minha amiga Silvia Marcuzzo, que conta as aventuras de Cesar, e nos traz detalhes da infraestrutura e o trabalho desenvolvido pelo Brasil no continente gelado, da geografia e da biodiversidade locais, assim como os desafios do último lugar remoto do planeta. É uma região sobre a qual tudo o que sabemos, normalmente, se resume às suas paisagens de horizontes brancos infinitos e pinguins amontoados. Mas é um território a ser muito estudado, até porque as mudanças climáticas podem modificar rapidamente o que conhecemos até agora: “O continente antártico é reple...