Apesar de um certo incômodo ao dar de cara com jiboias,
jararacas, pítons e afins, às vezes te encarando nos olhos, a visita ao
Instituto Butantan é sempre um programão. A começar por ficar em meio a uma
belíssima área verde, que já vale sozinha o passeio. O fato de poder entrar com
o carro e estacionar gratuitamente é quase um milagre em São Paulo e também é
um belo convite. Além disso, o ingresso é baratinho (R$ 6,00 o mais caro, para
adultos, após vários tipos de isenções e descontos) e vale para os três museus
do complexo: Museu Biológico, Museu Histórico e Museu de Microbiologia. Dá para
passar um dia inteiro – pena que fecha relativamente cedo (o funcionamento é de
terça a domingo, das 9h às 16h45).
Mas é claro que a atração
principal é o Museu Biológico, com suas serpentes lindas e assustadoras,
divertidos lagartos, iguanas e sapos, e os MUITO assustadores aranhas e
escorpiões. Confesso que todas as vezes que estive lá, passei correndo por
estes últimos. Também tenho dúvidas sobre esse sistema de exposição de animais
vivos, do tipo zoológico. Dá pena ver os bichos presos, em pequenas vitrines. O
serpentário, do lado de fora, dá um pouco menos essa impressão. De qualquer
maneira, a exposição é bastante didática, mostrando de onde vêm, o que comem e
quais répteis são venenosos.
Mas para mim, o mais
divertido (e posso ficar bastante tempo nisso) é brincar de Onde está Wally? com as serpentes, já
que elas ficam camufladas e quase sempre imóveis – tirando os momentos em que
nos encaram. Algumas vezes, chegamos a pensar que um dos recintos está vazio e,
de repente, vemos uma cobra imensa bem ao lado do vidro sem que tivéssemos
percebido. O mesmo vale para o serpentário: contar o número de cascavéis vai
levar alguns bons minutos.
Não conhecia o Museu de
Microbiologia e fiquei impressionada ao saber que existe desde 2002. O local me
pareceu bastante frequentado por escolas, mas é bem interessante para qualquer
leigo ter uma ideia sobre o mundo dos micróbios. Há vídeos mostrando, por
exemplo, bactérias sendo contaminadas por vírus e se multiplicando doidamente
(isso se entendi direito...). Também dá para ver no microscópio belezuras como
o vírus da gripe ou o mosquito da dengue. Para quem estudou em escolas públicas,
onde laboratório de ciências era um ser desconhecido, foi bastante
interessante.
O Museu Histórico mostra
objetos antigos utilizados nas atividades de pesquisa e produção de soros e
vacinas do Butantan. O museu fica em uma edificação reconstruída no local onde
funcionou o primeiro laboratório utilizado pelo cientista Vital Brazil,
primeiro diretor do instituto, no início do século passado.
Mais uma vez, em um país com
tão pouca tradição ou apreço oficial pela ciência, é um prazer ver que há
pessoas tanto produzindo conhecimento – e com resultados tão importantes -,
quanto difundindo tudo isso, quem sabe inspirando muitos outros a seguir esse
mesmo caminho.
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