Hoje estive em uma reunião da Aliança pela Água
(aguasp.com.br). Para quem não sabe do que se trata, é um coletivo de pessoas e
instituições que, desde o final de outubro, vem debatendo, dividindo
informações e realizando ações sobre a crise da água em São Paulo. As
principais organizações não governamentais do país que atuam nas esferas
ambiental, socioambiental e direitos do consumidor estão lá, assim como
técnicos e jornalistas na área e uma moçada nova (que bom!!!) com muito gás
para mobilização, seja na web, seja nas ruas.
Concretamente desta reunião, da qual participaram cerca de
50 pessoas, deve sair alguma carta de impacto, chamando governos e população
para um plano de emergência, com sugestões de ações. Há planos para eventos,
mobilizações, materiais informativos e tudo que uma situação grave pede. Todas
as organizações e coletivos representados também relataram o que tem feito e o
que há programado para os próximos dias. Tem muito coisa.
No entanto, o que mais chamava a atenção era o ar de
perplexidade presente. Da primeira reunião realizada em outubro até agora, não
dá nem para dizer que o pior cenário se concretizou, pois a situação é pior do
que o pior cenário esperado de então. Tanto o clima não ajudou – as chuvas não
vieram – como o governo do Estado e a Sabesp continuaram a minimizar a crise
(da mesma maneira que o governo federal parece estar se encaminhando no caso da
crise de energia...). Tudo o que se vinha prevendo como possibilidade para
daqui a duas décadas se nada fosse feito, parece ter se antecipado, abrindo
alas e mostrando que sempre pode piorar. No frigir dos ovos, temos água para
uns 50 dias, com sorte (e racionamento) até junho (e um inverno inteiro sem
chuvas pela frente).
Ao sair da reunião, andava pela rua e via a cidade seguir
sua vida normal. Embora nunca tenha vivido isso, a sensação era como a de um
país que declara guerra, mas a concretude desse ato ainda não chegou, aguarda
as primeiras bombas. Isso significa que, mesmo acompanhando todo o noticiário,
tento informações de primeira mão de quem está na linha de frente e entende do
assunto, é difícil acreditar que está mesmo acontecendo. Tenho água na torneira
(sei que no prédio acaba todo dia às 15 horas, mas a economia, a caixa d’água e
alguns caminhões pipa têm dado conta do recado), vivo no segundo país com mais
água doce do mundo (o Brasil é sempre o Brasil!), não moro no semiárido, como é
que a água vai acabar?
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