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Quando a turma da kombi se encontra

 


Éramos (bem) jovens. Tínhamos muitos sonhos, esperança e determinação – e alegria de sobra. Queríamos salvar o mundo de nós mesmos e para nós, mas também para todo o resto de vida que há no planeta. A Mata Atlântica foi o primeiro alvo, estava mais perto da sanha destruidora, era preciso correr contra o tempo. No início, costumávamos dizer que cabíamos em uma kombi. Depois, várias redes foram criadas, novos parceiros com os mesmos objetivos foram descobertos, e a luta se expandiu em todas as direções e biomas do Brasil.

Sem essa Kombi, no entanto, possivelmente muito pouco da Mata Atlântica restante estaria de pé. Não haveria uma Lei da Mata Atlântica (a única a proteger um bioma específico no país) nem o Dia da Mata Atlântica, comemorado em 27 de maio.

Nessa data, anualmente, a turma da kombi tem um encontro marcado. Nem todos conseguem vir, pois estão espalhados pelo Brasil: produzindo mudas e plantando árvores, fazendo ciência e lutando por políticas públicas para minimizar as mudanças climáticas e salvar a biodiversidade, tentando barrar o desmatamento e evitar as consequências de eventos extremos que, infelizmente, chegaram para ficar.

Mas quem está em São Paulo ou tem um tempinho pra vir, aparece no Viva a Mata, a grande festa promovida pela SOS Mata Atlântica. É onde amigos e parceiros de tantos anos se reencontram, reabastecem energias e celebram o fato da kombi ter ficado pequena para tantos que vêm se juntando à frota. Comemoramos mesmo sabendo que ainda tem muito espaço nessa turma para ser ocupado e o tempo está cada vez mais curto para o tanto que é necessário fazer.

Ontem tivemos mais um desses encontros. Foi lindo. Dormi feliz.



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