Há pelo menos três sanduíches tradicionais paulistanos: o
Bauru do Ponto Chic, o de mortadela do Mercado Municipal e o de pernil do
Estadão. Todos são deliciosos, todos têm por base o pão francês – típico da
cidade -, todos são exagerados. Isso significa que é praticamente impossível
comer sem se lambuzar e devorá-los por inteiro é para os fortes.
O Bauru do Ponto Chic, diz a lenda, foi criado nos anos
1930 por um dos alunos da Faculdade de Direito do Largo São Francisco que
frequentavam o bar no Largo do Paissandu, cujo apelido era o nome de sua cidade
natal e acabou batizando também o sanduba. Embora se possa comer bauru em
qualquer padaria paulistana – sanduíche caracterizado por ser um misto quente
(queijo e presunto) com tomate -, o do Ponto Chic é muito mais incrementado:
inúmeras fatias de rosbife, tomate em rodelas, pepino em conserva e uma mistura
de quatro tipos de queijos fundidos em banho-maria (prato, estepe, gouda e
suíço). Hoje pode ser encontrado nas três lojas do bar, além da do Paissandu,
também em Perdizes e no Paraíso.
Dos mesmos anos 1930, o famoso sanduíche do Bar do Mané é
atração turística no Mercadão, no centro da cidade. É recheado com cerca de 300
gramas de mortadela da marca Ceratti. Para quem acha que é pouco, pode
acrescentar queijo prato, alface e tomate. É tanta mortadela, que é quase impraticável
segurar o gajo.
O Bar Estadão tem esse nome por estar localizado no
Viaduto 9 de Julho, ao lado da antiga sede do jornal O Estado de S. Paulo.
Desde o final dos anos 1960, foi ponto de encontro de políticos, jornalistas e
intelectuais e continua atraindo o mais variado tipo de público, disposto a
comer no balcão seu famoso sanduíche de pernil com um molho feito com cebola,
tomate e pimentão. Aqui também pode ser acrescentado queijo, conforme a
preferência do freguês. O melhor é que o bar fica aberto 24 horas, o que
significa que não há limitação de horário para matar a fome.
Experimentar esses sandubas é obrigatório para quem gosta
de tradições e não se importa de enfiar o pé na jaca. Se pudesse dar um
conselho para seus diletos vendedores, apenas sugeriria que criassem versões
mais de acordo com os padrões menos glutões atuais, para satisfazer quem quer ter esse
prazer sem deixar parte da comida no prato.
Foto: No Estadão, lutando entre a razão e a gulodice.
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