Desprezei solenemente os
blocos de carnaval que dominaram a cidade nos últimos três finais de semana.
Mas isso não significa que não gosto da folia, apenas que tê-los em abundância
embaixo da minha janela diminuiu muito minha tolerância sobre o que é razoável
na comemoração. O que não impede de que tudo mude até o próximo ano e eu
resolva ser a rainha dos blocos.
Mas neste carnaval resolvi
me aventurar em caminhos inéditos: pela primeira vez fui ao Sambódromo do Anhembi.
Achei que o desfile das campeãs poderia ser uma escolha mais tranquila: menos
gente, menos torcida e as melhores do ano. Acertei! Vai entrar para o
calendário.
Pode até ser que os
desfiles competitivos sejam mais animados – as escolas vêm bem desfalcadinhas no
das campeãs, o que dá para perceber mais pelos faltantes nos carros alegóricos
do que entre os que sambam no chão. Mas ficar folgado na arquibancada, podendo
dançar à vontade tem o seu valor. Dá até para sair para ir ao banheiro ou comer
alguma coisa e voltar, que o lugar continua lá.
Para quem nunca foi, uma
dica é ir de táxi: não tenho ideia de como seria possível ir de carro, o
horário é péssimo para condução e Uber e congêneres não podem entrar no
perímetro do Sambódromo, apenas táxis, que são credenciados e, com isso, se
anda um pouco menos. Novatos que não se preocupam em ver onde é seu portão –
como eu e o André – vão caminhar um monte de qualquer jeito.
Compramos na arquibancada
perto do recuo da bateria: outro acerto. Os camarotes são uma fortuna, as mesas
ficam no nível da pisca (e ver de cima me parece bem mais legal) e, se chover, você
ficará molhado do mesmo jeito. Levando em consideração as estatísticas, tivemos
uma sorte tremenda: não estava muito quente e não choveu.
Há muitos anos desisti de
assistir aos desfiles pela TV, sejam os de Sampa ou do Rio: nunca consegui
passar de uma escola e meia antes de cair no sono. Por isso, decidimos não convidar
mais ninguém para ir junto, pois, caso ficasse chato, poderíamos ir embora a
qualquer momento. Como sempre ouvimos de quem já foi, in loco é muito diferente.
Neste ano, desfilaram a Mocidade Unida da
Mooca (campeã do Grupo de Acesso 2), Colorado do Brás (2ª lugar no Grupo de
Acesso) – que perdemos porque ficamos com medo de chegar muito cedo e não ver
as melhores escolas (da próxima vez, vamos antes) -, Águia de Ouro (campeã do
Grupo de Acesso), e as cinco primeiras Grupo Especial), Dragões da Real (5º
lugar), Tom Maior (4º lugar), Mancha Verde (3º lugar), Mocidade Alegre
(Vice-campeã) e Acadêmicos do Tatuapé (Campeã). Assistimos
cinco escolas e só não ficamos até a última porque já era quase 5 da manhã e
achamos que deu.
Das impressões de
principiante: quanto mais rica a escola, mais chance de ganhar, os carros
alegóricos e as fantasias são tão luxuosos quando aparentam na televisão, mas os
carros são maiores e mais impressionantes ao vivo. Mas o que importa mesmo para
um desfile ser bom é a qualidade do samba e da bateria. Mesmo assim, ninguém
entende o que é cantado. Uma dica que seguirei é imprimir as letras antes de
ir. Cantar apenas o refrão (e muitas vezes errado) acaba ficando chato. O
intervalo entre uma escola e outra é o suficiente para se sentar, descansar um
pouquinho e fazer um lanche. Assim como é muito bem policiado do lado de fora,
dentro, o Sambódromo é organizado e conta com opções de comida e bebida tanto
em barracas como de ambulantes credenciados. Muitos levam seu próprio
piquenique. É um programa família.
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