Todo paulistano que dirige já deve ter passado pela
ansiedade do rodízio, um tipo de mal nativo que acomete aqueles que saem com o
carro no dia do rodízio e têm que estar em casa até às 17 horas. Calcula-se direitinho
quanto tempo se leva no caminho e se dá todos os acréscimos necessários ao
trânsito imprevisto (que de imprevisto realmente não tem nada, pois sempre
aparece). A alteração comportamental começa ainda durante o compromisso em que
se está, pois como manda a tradição, nada começa exatamente no horário e, quanto mais a hora fatídica de
sair se aproxima, sua concentração vai toda para ensaiar a melhor maneira de
avisar os demais que terá que sair antes de terminar.
Mas é na hora que você está no carro e o congestionamento se
materializa que vem aquele friozinho na espinha, que começa com o
arrependimento de ter tirado o carro de casa, depois com a culpa mão ter saído
de seu compromisso 20 minutos mais cedo até a aceitação de que não vai
conseguir mesmo e iniciar as contas mentais do que deixará de fazer para pagar
a multa e como vai administrar seus pontos na carteira. Neste meio tempo, para
disfarçar, liga o rádio e finge que está distraído ouvindo música
tranquilamente, mas, na verdade, está controlando o relógio do carro, do pulso
e do celular. Com alguma sorte, um deles sempre está uns dois minutos atrasado
e é este que você se convence que está certo.
Quando, finalmente, consegue entrar na garagem às 17h02 sem
que um marronzinho esteja parado na porta da sua casa, o alívio é imediato. Só
não adianta acreditar na autopromessa de que isso não vai acontecer novamente,
porque na semana que vem vão marcar aquela reunião importantíssima, às 15 horas
e você vai novamente calcular que ninguém vai atrasar, ela vai durar apenas uma
hora e, bem antes das 17, seu carro vai estar bem descansado na garagem.
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