A privatização do que é público é uma prática considerada
normal no país, e não costuma causar indignação: vender, se apropriar, cobrar por
algo que deveria ser de todos é algo super bem aceito, infelizmente. Mas me
reservo o direito de continuar me indignando, sobretudo quando é praticada pelo
próprio Estado.
Hoje pela manhã fomos surpreendidos ao estacionar em um
recuo da rua, na frente do Parque Villa Lobos, onde paramos há muitos anos, por
um mocinho uniformizado dizendo que agora precisamos pagar para parar ali. Não
havia qualquer sinalização indicando a possibilidade de cobrança. Então,
ignoramos o mocinho e fomos (eu e o André) fazer nossa costumeira caminhada
matutina.
Na volta, embora não tenhamos sido incomodados ao pegar
nosso carro, vimos uma tabuleta (daquelas usadas por flanelinhas nas redondezas
de locais de shows e jogos de futebol) colocada em cima de um cone informando a
cobrança.
Não somos cretinos, portanto sabemos que o estacionamento do
parque foi privatizado (e parece que o parque também, pois se você quiser comer
qualquer especialidade de comida servida por food truck em São Paulo, haverá um
em algum ponto dentro do Villa-Lobos). Mas esta área não está dentro do parque. Se fosse zona azul, até entenderia. Mas não é um estacionamento.
Fomos buscar a licitação: o edital diz que é preciso ter
cancela e cabine, além de comunicação visual de pórtico na entrada e na saída.
Embora esse lugar na rua esteja marcado em um mapinha dentro da licitação (na
qual os números de vagas licitadas não batem com o total de vagas somadas nos
mapinhas), tenho dúvida se o lugar faz mesmo parte do parque. Possivelmente, na
próxima vez que for ao Villa-Lobos, como sou uma não-cidadã paulista, acabarei
tendo que pagar para estacionar o carro (ou me contentar em caminhar na rua
perto de casa).
Comentários
Postar um comentário