Longe de mim desmerecer os
autores, são todos ótimos, mas fiquei decepcionada ao ler hoje que apenas três
mulheres estão entre os dez livros mais vendidos na Flip neste ano. Sem estar
na programação do evento, a sul-coreana Han Kang entrou na lista, possivelmente,
apenas porque foi a vencedora do Nobel de Literatura de 2024. Há mais de uma
lista, com nomes diferentes, mas a proporção se mantém. A impressão que tenho é
que o tempo passa e as mulheres continuam sendo menos lidas. Dizem que homens
normalmente não leem mulheres, o que desequilibra a corrida.
Tenho lido bastante literatura,
obras de autores de todos os gêneros, e não consigo achar que um é melhor do
que o outro. Nos ambientes literários, como em lançamentos, clubes de leitura
ou na pós-graduação em escrita criativa que frequento, as mulheres são sempre
maioria, mas isso não se reflete no quanto são lidas. Quando aparecem comentários
sobre isso, costumo ouvir que há uma literatura feminina, com temas que só
interessam às mulheres, sendo a masculina, ao contrário, universal. Será?
Pensei isso hoje lendo o delicioso
livro de poesia “do vago conforto de estar viva”, da querida Julia Caiuby,
companheira no curso do Vera Cruz. Sim, um jeito feminino de ver o mundo, pelo
menos culturalmente feminino. Mas não uma leitura para mulheres, a beleza de
seus versos fala a qualquer um. Enfim, é apenas mais um desabafo feminino,
cheio de mimimi.
E fica aqui um cheirinho do
livro da Julia:
A VIDA
disse um dia
um amigo poeta
que a vida não pode ser só
isso
digo mais
a vida não pode ser só,
é isso.
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