Um dos maiores símbolos
do patriarcado, que me deixa muito irritada, é a transmissão do sobrenome. Considero
um desaforo para as mulheres. Mesmo homens, e são muitos, que simplesmente
desaparecem da vida de seus filhos, deixando a mãe se virar sozinha, transmitem
seus nomes como herança, caso eles constem na certidão de nascimento. Colocar
em uma criança também o sobrenome da mãe – como fizemos eu e meu marido com
nossos filhos – é uma atitude bacaninha, mas ele vai sumir na próxima geração. Aliás,
na prática, pouquíssimas pessoas usam o nome materno, o costume é sermos
conhecidos apenas pelo último nome. Meus pais nem se deram a esse trabalho, só
tenho o sobrenome do meu pai. No meu caso, nem nome duplo deram, como no caso
dos meus irmãos, por considerarem que, ao me casar, ficaria com um nome muito
grande.
Euzinha, porém, tenho uma
sugestão para resolver essa injustiça: meninas seguiriam a linhagem materna e
meninos a paterna. Sei que é uma proposta controversa e adianto que não tenho
solução para casos diferentes, como, por exemplo, de pessoas não cisgêneros ou
das que não sabem quem é o pai. Para os primeiros e outros casos do tipo,
poderia haver a opção de mudar o sobrenome mais tarde e, para os últimos,
poderia continuar vigorando o sobrenome da mãe, como é hoje. Com isso, acredito
que as linhagens femininas tenderiam a predominar, mas isso é um problema dos
homens. Quem manda fugir à responsabilidade?
Não sei se alguém já teve
essa ideia, mas é fácil de operacionalizar e deve haver pessoas mais
qualificadas do que eu para resolver os casos mais complicados. Jogo para o
universo!
Sei que não é
politicamente correto falar desse assunto às vésperas do Dia dos Pais, mas se
hoje as mulheres têm os mesmos direitos civis dos homens, por que não podem
também transmitir seu sobrenome?
Caso essa regra estivesse
valendo quando nasci, até onde sei, meu nome seria Maura Garcia. Mas este
também é apenas um remendo, pois é o sobrenome do avô materno de minha mãe, a
última informação que tenho. Muitas mulheres apenas tiravam seus sobrenomes de
solteira ao se casar e fica praticamente impossível refazer o caminho do lado
materno. Felizmente, esta prática parece estar em desuso.
Veja que estou sendo
bastante democrática ao dividir as linhagens em feminina e masculina, pois contempla
pais e mães. Era só inverter os sobrenomes conforme o gênero do bebê. No
mínimo, os chás revelação, essa ideia de jerico meio constrangedora que
inventaram agora, ficariam certamente mais interessantes. Que tal?
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