Um dos parques mais antigos de São Paulo, o Jardim Botânico é também um dos mais bonitos. Fundado em 1928, a partir da implantação de um projeto de botânica para a cidade, pelo naturalista Frederico Carlos Hoehne, o local tem um paisagismo maravilho, trilhas bem-sinalizadas e um orquidário daqueles de gastar o dedo tirando fotos. Abriga, ainda, o Instituto de Botânica e o Museu Botânico de São Paulo, onde se encontram amostras de plantas da flora brasileira e informações sobre diversos ecossistemas do Estado de São Paulo. Fica dentro do Parque Estadual Fontes do Ipiranga, que engloba também o Zoológico de São Paulo, e é o maior fragmento de Mata Atlântica em área urbana da Região Metropolitana de São Paulo.
Estive lá algumas vezes para entrevistas no Instituto de Botânica, mas fazia bastante tempo que não visitava, principalmente porque a Água Funda, na Zona Sul, fica um pouco longe de onde moro. Talvez seja por isso que não soubesse que o Jardim Botânico (junto com o Zoológico e o Zoo Safari) tenha sido privatizado em 2021. Não tenho opinião fechada sobre privatização em si (o Parque do Ibirapuera também foi), mas pagar entrada em área verde numa cidade onde faltam opções de lazer e áreas verdes disponíveis para a população me deixa chateada. Não lembro se já era cobrado antes, mas com entradas a quase R$ 25, mesmo com muitos pagando meia, fica caro para a maior parte das pessoas ir com a família.
A cidade de São Paulo tem
até mais áreas verdes do que imaginamos à primeira vista, mais de metade do
território do município, segundo dados da Prefeitura. Só que a maior parte está
em suas extremidades à noroeste (Serra da Cantareira) e ao sul (Serra do Mar),
nosso cinturão verde, que representa o pouco de garantia que ainda temos de
proteção de nossas águas. Mas isso não garante aos moradores da metrópole o
acesso que deveriam ter ao verde como espaço de lazer e benefícios à saúde
física e mental.
Nas áreas urbanas, onde vive
a maior parte da população de 12 milhões de pessoas, a quantidade é menos de quatro
vezes do que deveria. Enquanto a Organização Mundial de Saúde preconiza que uma
cidade deveria ter um mínimo de 12 metros quadrados de área verde por
habitante, cada paulistano conta, em média, com apenas 2,6 metros quadrados de
área verde pública de lazer – praças e parques – por pessoa, segundo a
Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente.
Essas áreas, além de tudo, são pessimamente distribuídas. Bairros nobres das zonas Sul e Oeste são os mais privilegiados, enquanto, na região central e nas periferias, o reinado é do cinza. Para a maior parte da população, chegar a um parque significa ter que percorrer muitos quilômetros e pegar vários transportes coletivos. É preciso ter disposição e tempo, o que só é possível, para a maior parte, no final de semana. Se, ainda por cima, tiver que pagar para entrar, fica ainda mais difícil.
Comentários
Postar um comentário