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Mostrando postagens de setembro, 2024

Livro mostra como o Brasil já controlou o desmatamento da Amazônia – e que pode repetir a dose

Sob o céu poluído e esfumaçado de São Paulo, o jornalista Claudio Ângelo lançou ontem (10/9), na livraria Megafauna, o livro O Silêncio da Motosserra – Quando o Brasil decidiu salvar a Amazônia (Companhia das Letras), realizado com a colaboração do engenheiro florestal Tasso Azevedo, coordenador da iniciativa MapBiomas e um dos personagens dessa história da vida real – tão real que afeta a vida de todos nós. Não fosse esse “presente de grego” da fumaça das queimadas vindas dos nossos “quintais” paulistas, mas também da Amazônia, até poderíamos achar que o livro traz notícias reconfortantes. Em O Silêncio da Motosserra, Ângelo e Azevedo contam como o desmatamento da Amazônia começou a ser uma questão para o Brasil no final dos anos 1980, quando começou a ser monitorado. E, principalmente, como foi domado entre 2005, quando o sistema de monitoramento por satélite em tempo real foi instaurado, até 2012 (governos Lula e início de Dilma), período em que o desmatamento foi reduzido cont

Passeio com as amigas

Flanar por São Paulo com as amigas é um dos meus programas prediletos e a cidade sempre apresenta ótimas oportunidades para vermos algo novo, que esteja de passagem ou passou desapercebido. Desta vez, aproveitamos a oportunidade do Aberto3, uma plataforma de exposições itinerantes, realizadas em espaços inusitados, para conhecer duas casas incríveis: a casa-ateliê de Tomie Ohtake e a da arquiteta Chu Ming, que criou o orelhão, marca das cidades brasileiras durante décadas. São dois projetos de casas naquele estilo de concreto conhecido como Brutalismo Paulista, que assustam em um primeiro momento, mas encantam pela luminosidade e beleza, e parecem feitos para destacar obras de arte, como as que faziam parte da exposição. No entanto, em meio a obras da própria Tomie, da Adrian Varejão, do Tunga e muitos outros artistas contemporâneos, eram as próprias casas, com suas excentricidades, o que mais chamava a atenção. Na de Tomie, projetada por seu filho Rui Ohtake, é impossível não se

Ursula K. Le Guin pensa mundos onde o anarquismo e o gênero neutro deram certo

  As mulheres ainda são tão minoritárias na ficção científica, que apenas este fato seria suficiente para se ler Ursula K. Le Guin. Minha razão para recomendá-la, porém, é outra. Li dois livros da autora, Os Despossuídos e A Mão Esquerda da Escuridão, e me chamou a atenção nenhum deles trazer um futuro terrível ou ameaçador para a humanidade, espalhada em diferentes planetas universo afora. Em uma época na qual olho pela janela e o céu esfumaçado me faz sentir estar em Blade Runner (Ridley Scott, 1982) e ver o noticiário me transporta para o pavor de Inteligência Artificial (Steven Spielberg, 2001) ou O Exterminador do Futuro (James Cameron, 1991), é bom ler, para variar, algo do gênero que não seja distopia dizendo pra mim “Hasta la vista, baby!”. Nesses dois livros de Le Guin, escritos há mais de 50 anos, os personagens vivem em condições climáticas extremas, mas são adaptados e mantêm uma relação de respeito pela natureza que, mesmo hostil, os permite sobreviver. Em Os Despossuí